terça-feira, 16 de novembro de 2010

CONSIDERAÇÕES AO INTERAGIR COM UMA SALA INCLUSIVA

CONSIDERAÇÕES AO INTERAGIR COM UMA SALA INCLUSIVA

Claudete Ferreira dos Santos



O intérprete da Língua Brasileira de Sinais é aquele que tomando a posição do sinalizador ou do falante, transmite os pensamentos, palavras e emoções do sinalizador/comunicador/falante servindo de elo entre duas modalidades distintas de comunicação. Este profissional atua constantemente com o crédito de surdos e ouvintes no repasse fidedigno das informações, em meio à postura ética que a profissão exige.

Assegurar a inclusão do surdo na instituição não traduz apenas pela inserção de um intérprete em sala é necessário estar aberto a possíveis mudanças e adequações, das quais algumas serão, neste primeiro momento, elencadas.


ORIENTAÇÕES COM RELAÇÃO À ATUAÇÃO JUNTO A SURDOS E INTÉRPRETES.

1. Caso faça uso da expressão “surdo-mudo”, descartá-la do vocabulário. Muitos surdos falam, apenas não escutam. A expressão correta, livre de erros, é surdo (a).
2. Jamais chamar a atenção da pessoa surda tocando em locais onde a visão deste não alcance (ex. bater nas costas).
3. Ao falar com um surdo, dirigir-se a ele, fitando-o, por ser ele (não o intérprete) o receptor/emissor. (ex. a fala do surdo é emitida pelo tradutor porém o real emissor é o surdo)
4. Não é viável, durante a fala, a movimentação (ex. andar de um lado para outro) e o distanciamento de mais de dois metros da pessoa do intérprete por dificultar o uso da visão periférica do surdo, o qual, visualiza simultaneamente a pessoa do intérprete e do locutor.
5. Além da língua o surdo possui uma cultura própria que se reflete, inclusive, em piadas próprias. Dificilmente o surdo achará graça nas piadas, trocadilhos... de ouvintes.
6. Na sala, auditórios... o surdo possui um local privilegiado à frente, assim como, o intérprete.
7. O posicionamento do intérprete em sala é sentado em frente ao surdo (distancia de um metro; em apresentações do surdo deverá estar no centro ou em melhor local; e, junto da equipe/dupla quando de trabalhos específicos.
8. É vetado a todos transitar no espaço entre surdo e intérprete quando houver uma comunicação entre ambos.
9. Segurar mãos do surdo/intérprete é uma atitude grosseira, equivale a tapar a boca de alguém para que não fale.
10. Não fale de costas e de lado.
11. É necessário considerar que o surdo, possuidor de uma língua própria (Libras), cuja estrutura gramatical não equivale a língua portuguesa, poderá fazer uso de sua língua materna em detrimento da gramática da língua portuguesa, quando escrever.
12. Da mesma forma que o ouvinte apresenta dificuldade para entender a escrita da libras para o português, o surdo, apesar de ler a língua portuguesa, só reconhece as palavras devido a seu significante.
13. Os verbos em libras são utilizados no infinitivo, vale-se do contexto para determinar o tempo verbal.
14. Considerando o item anterior, independente das indicações bibliográficas, é necessário o repasse do material a ser utilizado, por meio de e-mail, para realizar possíveis transcrições para libras.
15. O surdo utiliza a visão para ver e ouvir, assim, diferente do ouvinte, não lhe é possível escrever (utilizando a visão para leitura e transcrição) e ouvir (utilizando a visão para a interpretação em Libras) simultaneamente.
16. Jamais utilizar dinâmicas que apague a luz ou feche os olhos sem antes seguir orientações junto com o professor-intérprete.
17. Surdos não ouvem, mas sentem assim eles podem dançar e sentir vibrações de músicas... assim como, sentir preconceitos, desconfianças...
18. O uso de imagens é favorável a aprendizagem de surdos e ouvintes.
19. Em debates, júri ... é imprescindível a ordem nas falas pois só é possível a interpretação de uma fala por vez.
20. O repasse dessas orientações cabe a todos envolvido direta ou indiretamente à sala inclusiva.

Sejam todos bem vindos a construção de possibilidade para a inclusão da pessoa surda no âmbito educacional que, juntos, possamos ultrapassar os limites impostos pela diferença da língua e cultura.

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